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Maior longevidade reduz
aposentadoria
O
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem a tábua
IBGE-2012, pela qual há um aumento médio de 144 dias na expectativa de vida
para trabalhadores que hoje têm entre 40 e 80 anos. A expectativa de vida mais
longa é uma boa notícia por refletir melhora na qualidade de vida do
brasileiro, mas tem um impacto prático negativo para quem pensa na
aposentadoria. O resultado da nova tábua é uma perda média de 1,67% no valor da
aposentadoria por tempo de trabalho solicitada a partir de dezembro, na
comparação com o benefício pedido até novembro.
No
acumulado desde 1999, quando foi adotado o fator previdenciário, a correção da
expectativa de vida resultou em perda no valor da aposentadoria de 16,1% para
homens e de 14,4% para as mulheres. A conta considera homem com 55 anos de
idade e 35 anos de contribuição e mulher de 50 anos e 30 anos de tempo de
contribuição. Os cálculos são da Conde Consultoria Atuarial.
A
tábua de mortalidade do IBGE é divulgada anualmente e contém as expectativas de
vida que são consideradas pela Previdência Social para cálculo do fator
previdenciário e, como resultado disso, do valor inicial das aposentadorias. A
nova tabela passou a ser aplicada desde ontem e deverá vigorar até 30 de
novembro de 2014.
Por
exemplo, um homem com contribuição pelo teto da média salarial do INSS -
atualmente de R$ 4.159,00. Se ele tiver 57 anos de idade e 37 anos de
contribuição e solicitar a aposentadoria em dezembro, receberá, segundo
cálculos da Conde Consultoria, R$ 3.362,67 mensais. Se tivesse solicitado em
novembro, receberia R$ 3.419,91.
Nesse
caso, o trabalhador deve contribuir por mais alguns meses e solicitar a
aposentadoria em abril de 2014. Com isso, conseguirá voltar ao nível de
benefício que teria em novembro de 2013. "O problema maior é quando se
olha o efeito das tábuas no longo prazo ou para quem vai se aposentar daqui a
quatro ou cinco anos", diz Newton Conde, sócio da consultoria.
Apesar
do impacto negativo nas aposentadorias, a maior expectativa de vida calculada
pelo IBGE chamou a atenção, diz Conde, porque foi observada em todas as idades.
Segundo o IBGE, isso aconteceu porque houve redução de mortalidade de forma
generalizada e principalmente nos extremos, nos menores de um ano de idade e no
grupo aberto de 80 anos ou mais e, com maior intensidade na população feminina.
A
expectativa de vida ao nascer, de acordo com a nova tábua, com base nos dados
de 2012, é de 74,6 anos no Brasil. Em relação à tábua divulgada em dezembro do
ano passado com base em dados de 2011, a expectativa média de vida dos
brasileiros aumentou, pois era de 74,1 anos. Para quem consegue chegar aos 80
anos, a expectativa de sobrevida passou de 8,7 para 9,1 anos.
A
expectativa de vida das mulheres aumentou mais do que a dos homens. A esperança
de vida ao nascer das mulheres chegou a 78,3 anos no ano passado, com aumento
de seis meses e 25 dias em relação à expectativa observada em 2011. Para a
população masculina, o aumento foi de quatro meses e dez dias, passando de 70,6
anos para 71 anos.
Uma
das explicações apontadas pelo IBGE para a expectativa de vida das mulheres ser
superior à dos homens é a maior incidência dos óbitos por causas violentas
entre a população masculina. O instituto assinala que o problema atinge,
sobretudo, jovens adultos, com idade entre 15 e 30 anos. Segundo o IBGE, a
probabilidade de um recém-nascido do sexo masculino não completar o primeiro
ano de vida foi de aproximadamente 17 para cada mil nascidos. Entre as crianças
do sexo feminino, a taxa é de cerca de 14 entre mil.
Fonte:
- VALOR ECONÔMICO – BRASIL 03/12/2013 –
clipping AASP
Marta
Watanabe, Diogo Martins e Mônica Izaguirre - De São Paulo, do Rio e de Brasília