“GOVERNO ANUNCIA NOVAS REGRAS PARA BENEFÍCIOS” (CLIQUE AQUI)
Governo anuncia novas
regras para concessão de benefícios
Abono salarial,
seguro-desemprego e auxílio-doença terão mudanças
O
ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, apresentou nesta segunda-feira
(29/12/2014), uma série de mudanças que o governo pretende fazer nos programas
sociais abastecidos com recursos federais para, segundo ele, "corrigir
distorções". O governo vai alterar as regras para concessão de abono salarial, seguro-desemprego, seguro-desemprego do pescador artesanal, pensão por morte e auxílio-doença. As medidas devem
gerar uma economia de R$ 18 bilhões nas despesas da União anualmente a partir
de 2015.
De
acordo com o ministro, as novas regras passam a valer apenas para futuros
dependentes do sistema previdenciário público. "As alterações não se
aplicam a quem já recebe. A lei não retroage. É daqui para frente", disse.
Segundo
Mercadante, o objetivo do Palácio do Planalto com o anúncio hoje de ajustes nas
despesas do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e da Previdência Social é se
"adaptar à nova realidade do mercado de trabalho brasileiro", reduzir
a rotatividade, buscar um alinhamento com padrões internacionais e eliminar
excessos. O ministro negou que as medidas anunciadas sejam impopulares.
"O
objetivo é mais transparência, que ajuda no controle social dos
programas", observou. "Não concordo que necessariamente são medidas
impopulares. Todos os programas estão sendo mantidos, estamos mudando regras.
Os direitos trabalhistas, sociais e previdenciários estão garantidos."
A
maioria das medidas será publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira
(30), por meio de medidas provisórias. "Acho que teremos apoio para essas
medidas", comentou Mercadante, ao ser questionado sobre a posição do
Congresso Nacional na aprovação das MPs.
As
propostas foram apresentadas por Mercadante ao lado da ministra do
Planejamento, Miriam Belchior, o futuro titular da pasta, Nelson Barbosa, e o
ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias.
Segundo
Barbosa, as medidas terão impacto crescente de economia nos gastos públicos ao
longo dos próximos anos. O futuro ministro do Planejamento justificou as
medidas como forma de garantir a segurança jurídica das alterações, o que exige
"anterioridade, carência e proporcionalidade" com base no ano fiscal
anterior ao de entrada em vigor das medidas.
"Essas
medidas foram adotadas porque foram propostas pela equipe atual (do ministro da
Fazenda, Guido Mantega)", disse Barbosa. "O impacto global dessas
medidas dependem da evolução delas, de como a sociedade vai se adaptar, mas a
expectativa é de gerar uma economia de R$ 18 bilhões por ano. Isso representa
cerca de 0,3% do PIB estimado para o próximo ano", afirmou.
Reação dos
sindicalistas
As medidas de aperto nas concessões de
benefícios trabalhistas inflamaram importantes lideranças sindicais. O
secretário-geral da segunda maior central do País, a Força Sindical, João
Carlos Gonçalves, afirmou ao jornal "O Estado de S. Paulo" que,
diferente do que foi anunciado pelo ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante,
as medidas não foram discutidas com as centrais.
"As
centrais não participaram de nenhuma negociação. Teve uma reunião com o Mantega
(ministro da Fazenda, Guido Mantega), no início do ano, sobre o assunto e
depois nada mais. Mantega ainda marcou uma reunião em Brasília e outra em São
Paulo, há 20 dias, mas as duas foram desmarcadas. Agora essas medidas são
anunciadas. Nós somos contrários a elas", disse Gonçalves. Segundo ele, o
presidente da Força, Miguel Torres, foi convidado para o anúncio das medidas de
hoje, mas não conseguiu chegar em Brasília.
De
acordo com o líder da Força Sindical, as cinco maiores centrais do país (CUT,
Força, UGT, NCST e CTB) vão se reunir, em janeiro, para determinar uma agenda
de lutas para 2015. "Essas medidas de hoje serão tema central da
reunião", afirmou Gonçalves.
Abono salarial
No caso do abono salarial, para ter acesso ao
benefício, o trabalhado passará a ter de comprovar seis meses ininterruptos de
trabalho com carteira assinada. Na regra atual, o abono é concedido com apenas
um mês de contribuição. O valor do benefício, que hoje é de um salário mínimo,
passa a ser proporcional ao tempo de serviço, como já acontece com o 13º
salário.
Seguro desemprego
Para ter acesso ao benefício serão necessários
18 meses de trabalho com carteira assinada e não mais seis meses. Para a
segunda solicitação do seguro, o trabalhador deverá ter contribuído por 12
meses com o INSS. Já no terceiro acesso ao seguro, o trabalhador terá de ter
ocupado um emprego formal pelo mínimo de seis meses.
De
acordo com Mercadante, a mudança ocorre para corrigir a distorção gerada pela
entrada de jovens no mercado de trabalho, cuja rotatividade é maior. "Há
uma distorção no programa, com 74% sendo pago para quem está entrando (no
mercado), os mais jovens, que são mais dispostos a mudar de emprego",
disse.
Irregularidades
No seguro defeso, pago ao pescador artesanal
no período em que ele não pode pescar para garantir a reprodução dos peixes, as
mudanças são mais profundas. Segundo Mercadante, o governo constatou
irregularidades na concessão do benefício. "Identificamos que temos
problemas na concessão desse programa e insegurança jurídica", disse.
"Foi identificado acúmulo de benefício, com pessoas que recebem dois, três
salários", afirmou, citando uma cidade paraense onde "tem mais
pescador recebendo seguro do que cidadão no município".
A
partir de agora, os pescadores não poderão receber o seguro defeso se já forem
beneficiários de outros programas sociais, como o Bolsa Família. Eles
precisarão ter pelo menos três anos de registro como pescador artesanal. Terão
de comprovar comercialização de pescador ou pagamento de contribuição
previdenciária por pelo menos 12 meses. A concessão do salário mínimo do
benefício será avalia por um Comitê Gestor do Seguro Defeso.
Pensão
No caso da pensão por morte, a partir das
novas regras, fica definido que será preciso comprovar o pagamento de 24 meses
da contribuição previdenciária para ter acesso. Exceção para casos de mortes
por acidentes de trabalho. Será preciso ter dois anos de casamento ou união
estável. O valor a ser recebido será de 50% do salário-benefício para o
cônjuge, seguido de acréscimos de 10% por dependente até poder completar 100%
do total do vencimento. O benefício mínimo segue sendo de um salário mínimo por
pensão.
Segundo
Mercadante, a partir da nova regra, não será possível "casar de última
hora para passar o benefício, como acontece hoje com casamentos
oportunistas". De acordo com as contas do ministro, o gasto com a pensão
cresceu de R$ 39 bilhões, em 2003, para R$ 86,5 bilhões, em 2013. "Isso
representa 3,2% do PIB", comparou.
Doença
Mercadante anunciou na coletiva de imprensa
alterações na concessão do auxílio-doença, que não se aplicam aos atuais
beneficiários. O Palácio do Planalto determinou o aumento do prazo de
afastamento pago pelo empregador antes do início do pagamento do auxílio-doença
pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), de 15 para 30 dias para
segurados empregados. Também será fixado um teto no valor do auxílio-doença,
equivalente à média das últimas 12 contribuições.